sexta-feira, 23 de dezembro de 2011


♫ Tudo que cala fala mais alto ao coração.


Você me olhava com os olhos em brasa e o coração gritando no peito. Calma moço, foi o que eu quis te dizer, mas a voz sumiu no meio das palavras que se acumulavam na garganta. Virei meus olhos pra longe numa tentativa de não chover. Eu não queria que você me visse tempestiva de novo, eu não queria desmoronar e acabar te derrubando, porque você não merece, não percebe? No fundo eu sou só uma boba ciumenta, daquelas que queria ser tudo aquilo que te faz bem só pra te ter perto das melhores formas. Tenho tentado escapar da rotina que nos envolve, mas tem vezes que me rendo à mim mesma, pois nem sempre eu sou forte. Dá vontade de jogar tudo pro alto e deixar chover o que tiver que chover, falar o que sentir vontade de falar e sumir, só por uns diazinhos, pra ver o quanto você sentiria minha falta. Eu sinto tua falta todos os dias moço, mesmo estando lado a lado. Acho que sinto falta da gente, de quando tudo era novidade, quando tudo era proibido, quando qualquer olhar era segredo. Saudade de quando fomos dois sem ninguém poder saber. Saudade dos ciúmes disfarçados, dos telefonemas noturnos, daqueles infindáveis “quero te ver”, mesmo depois de ter acabado de dar um tchau cheio de profissionalismo. Então eu quis muito te pedir calma, quis muito pedir para que calasses as tuas falas e me ouvisse. Ou tentasse ouvir tudo aquilo que eu não digo, tentasse interpretar todo o meu silencio que grita mais alto do que a voz seria capaz. Eu quis pegar teu rosto entre as mãos e mergulhar nos teus olhos cor de tubaína e dizer que os defeitos são só poeira perto de todas as qualidades. Quis dizer que não me importo e quis te contar do sonho que tive, acordando com aquela certeza de quanto eu te quis e do quanto eu te quero e do quanto eu ainda posso te querer. É muito, garoto. É mais do que eu ensaio dizer – e não digo.

Eu te amo calado, 
como quem ouve uma sinfonia de silêncios(...)
tem certas coisas que eu não sei dizer.♪

Nenhum comentário: