terça-feira, 22 de maio de 2012

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Parou em frente de casa um caminhão de frutas, eu era verde, não sabia da vida.
Vovó estava lendo jornal, com os óculos corroídos de tempo,
Vi estampado na capa uma palavra em negrito, corri perguntar ao moço do caminhão, já que vovó não se lembrava nem da idade.





- Moço, saudade, sabe explicar o que é saudade?
- Menina, você deveria estar brincando.
- Não sabe então, o que é saudade?
- Saudade é noite mal dormida, dor dentro, é olhos cheios d’água, ver a pessoa em todos os cantos e esquinas.
- O senhor entende dela, pelo visto.
- Pois é, respondi sua pergunta?
- Não totalmente, tem alguma fruta que te faça sentir saudade?
- Morangos, minha Maria tinha o cheiro deles.
- Ela foi embora?
- Foi, mas não sozinha.
- Foi com outro?
- Com meu sorriso, não vê que minha pele não tem marcas de riso?
- Notei, vovó me disse um dia que os moços dos caminhões de frutas são viajantes que levam crianças.
- Ora! Já levo tanta coisa aqui, não caberia mais nada. (Risos)
- Mas só tem frutas, a frente está vazia.
- Esqueci de lhe dizer, saudade não se vê.



— Saudadear (via s-a-u-d-a-d-e-a-r)

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